O Robô – Luís Fernando Veríssimo

O Robô é outro texto divertido de Luís Fernando Veríssimo. Será que algum dia as máquinas poderão substituir o homem? O que você acha?

Ouça o áudio e tente fazer os exercícios de compreensão oral. E se ficou com dúvidas, leia a transcrição que deixamos logo abaixo

Se preferir, pode assistir ao vídeo com o áudio e imagens. É só clicar You Tube 

Agora, tente fazer o exercício

Veja as palavras que faltam:
chegou
baixinho
rodinhas
sentiu
disse
trouxe
paletó
sapatos
animação
voz
tão
lembrar
faziam
código
digo
vão
cem
importância
entendi
tivesse
coisa
olhava
ela
chinelos
seis
jantar
gesto
sessenta
tirou
ligou
instruções
joguinho
baralho
dezoito
frente
arrumou
jogar
também
dois
quiser
precisar
ficou
vinte
trinta
cerveja
decisão
barulho
faço
gosta
sorriu
correu
chocolate
razão

Transcrição do texto – O Robô – com as palavras que faltam no exercício

Um dia ele chegou em casa com um robô. O robô era baixinho, redondo e andava sobre rodinhas. A mulher achou engraçado, mas sentiu uma ponta de apreensão. Para que um robô em casa?

—Olhe só — disse o marido. E, dirigindo-se ao robô, disse: —Seis! O robô foi até o quarto do casal e de lá trouxe os chinelos do homem e sua suéter de ficar em casa. Voltou para o quarto levando o paletó, a gravata e os sapatos.

—Mas isso é fantástico — disse a mulher, sem muita animação.

—Ele está programado para só obedecer à minha voz — explicou o homem. Estava tão entusiasmado com o seu robô que a mulher decidiu não lembrar a ele que naquele dia faziam dez anos de casados. Ele continuou:

—É um código. De acordo com o número que eu digo, ele sabe exatamente o que fazer.

—Sim.

—Os números vão de um a cem e obedecem a uma sequência que corresponde mais ou menos, à importância relativa das tarefas. Entendeu?

—Entendi.

Se ela não tivesse dito nada, seria a mesma coisa, porque o homem não a escutava. Olhava para o robô como um dia, dez anos antes, olhara para ela. Pelo menos, ela ficou sabendo que, os chinelos que lhe trazia todos os dias quando ele entrava em casa, correspondiam a seis.

Depois de jantar, quando ela começou a limpar a mesa, ele a deteve com um gesto. Disse para o robô:

—Sessenta e um!

O robô rapidamente tirou os pratos da mesa, botou tudo dentro da máquina de lavar pratos, ligou a máquina e voltou para aguardar novas instruções. Mais tarde, quando o marido disse “Que tal um joguinho de cartas?”, ela levantou-se, alegremente, para pegar o baralho. Logo descobriu que o marido falava com o robô.

—Dezoito!

O robô correu na frente dela, pegou o baralho, pegou o bloco de papel e um lápis, arrumou a mesa para o jogo e ficou esperando. Ele sentou-se para jogar cartas com o robô. Ela perguntou:

—Posso jogar também?

—Esse jogo é só para dois, disse o marido. Você pode ir se deitar. Se quiser.

—Você não vai querer mais nada?

—O que eu precisar o robô pega.

Do quarto, ela ficou ouvindo o marido dizer, a intervalos: “vinte e seis” ou “trinta e um”, e o ruído do robô, na cozinha, pegando cerveja, salgadinhos, etc.

Tomou uma decisão.

Levantou-se e foi até a sala. De camisola.

—Querido…

—Você não estava dormindo?

—Não.

—Nós fizemos muito barulho?

—Não.

—Então o que é?

—Tem uma coisa que eu faço que esse robô não faz.

—O quê?

—Uma coisa de que você gosta muito.

—Você quer dizer…

Arrã— sorriu ela.

—É o que você pensa, disse ele. E para o robô:

—Um!

Aí o robô correu até a cozinha e começou a reunir os ingredientes para fazer uma mousse de chocolate.

Grupos feministas a apoiaram durante o julgamento, com toda a razão.

Vocabulário

engraçado – cômico, interessante
-O comediante era muito engraçado.
Que engraçado! Dependendo do contexto pode significar admiração, surpresa.
Que engraçado! (Que interessante!) Eu não sabia que você trabalhava na mesma empresa que eu.
É engraçado (é estranho), mas eu nunca vi o gerente na empresa de manhã.

apreensão – receio, medo, preocupação
-Ele ligou o aparelho com certa apreensão.

Com relação a essa frase: …como um dia, dez anos antes, olhara para ela.

Olhara é um verbo que está no pretérito mais-que-perfeito simples do indicativo. É o mesmo que tinha olhado, que é o pretérito mais-que-perfeito composto. Este tempo verbal só é visto em textos literários e nunca em diálogos coloquiais. Entretanto, o mais-que-perfeito composto (tinha olhado) pode ser usado também em situações muito formais. Está correto.

A maioria dos autores o utiliza, mesmo que o texto tenha um caráter informal, como é o caso do texto “O Robô”.

Os hispanofalantes podem confundir com o imperfeito do subjuntivo.

Cuidado! Em espanhol podemos dizer Cantara ou Cantase – ambos pertencem ao mesmo tempo verbal.

Em português Cantasse é o imperfeito do Subjuntivo

CantaraMais-que-perfeito do indicativo = tinha cantado.

Temos também um vídeo com esse material. Não deixe de assistir You Tube

Botou = colocou. Muitos gramáticos condenam o uso de botar em textos formais. Pelas dúvidas, se o texto for muito formal, utilize colocar ou pôr.

Logo = imediatamente (falso equivalente com o espanhol)

pegou = agarrou, buscou, contagiou-se etc.
(No texto) O robô pegou as cartas e agarrou também um bloco de papel e um lápis.
-Ela pegou Covid quando viajou.

arrumou = ajeitou, preparou, conseguiu
– Vou arrumar a mesa do jantar
-Vou arrumar o cabelo. O vento me despenteou toda!
-Finalmente ele arrumou emprego. Já fazia 6 meses que estava desempregado.

Arrã = siminterjeição de concordância, de afirmação.

Para praticar o vocabulário e fazer mais exercícios relacionados clique aqui FONETICANDO 

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