GPS – Zeca Baleiro – Celpe-Bras 2014/1 Gênero textual: Crônica

O tema da tarefa 4 do Celpe-Bras de 2014/1 está relacionado ao uso da tecnologia. Você também usa o GPS até pra ir à padaria da esquina?

Zeca Baleiro, além de cantor e compositor, escreve crônicas e também livros. GPS, tema desta tarefa, é uma crônica escrita para a revista IstoÉ.

Vamos à tarefa

Zeca Baleiro e a crônica GPS

Como colunista da seção “Última Palavra” da Revista IstoÉ, você decidiu escrever um texto colocando-se na posição do taxista mencionado na crônica “GPS”, de Zeca Baleiro. No texto, narre a sua versão dos fatos, posicionando-se em relação ao uso da tecnologia na sociedade atual.
Zeca Baleiro - GPS - gênero textual - Crônica Zeca Baleiro

cantor e compositor

Última palavra GPS

Conheço pessoas que não se deslocam mais à esquina para comprar pão sem que façam uso de GPS, Google Maps e o escambau.

Entrei no táxi e falei o meu destino.

– Rua Arariboia, por favor.

– Arariboia? Espera um minuto!…– rebateu o homem.

Programou então seu GPS e arrancou.

– Não precisa de GPS, amigo. Sei mais ou menos onde fica. Posso lhe orientar.

– Ah, não. Não saio mais de casa sem isto – declarou.

Resmunguei em silêncio. E lá se foi o taxista seguindo seu brinquedinho falante – “vire à esquerda”; “a 50 metros você vai virar à direita”; “daqui a 300 metros faça o retorno à esquerda” …

De repente, entre uma e outra prosa, vi ele se afastando da direção que eu julgava ser a correta.

– Amigo, acho que você está na direção contrária. Tinha que ter entrado naquela rua à direita, melhor fazer o retorno na frente.

– Não, não, olha aqui – apontou pra geringonça, orgulhoso como ele só. É esse mesmo o caminho.

Cocei a cabeça irritado. Embora eu não soubesse exatamente qual o trajeto a seguir, sabia que aquele caminho que ele fazia era estupidamente mais longo e complexo.

Argumentei mais uma vez, já na iminência de explodir.

Moço, desculpe, mas tenho quase certeza de que você está fazendo um caminho muito mais longo do que devia.

Não esquenta a cabeça não, companheiro. Tá aqui no GPS, ó. Não vou discutir com a tecnologia, né, amigo?

“Não vou discutir com a tecnologia.” Sim, eu havia ouvido aquilo. E mais que uma frase de efeito de um chofer de praça, aquilo era uma senha que explicava muita coisa, talvez explicasse até toda uma época.

O sujeito deixava de lado sua inteligência (se é que a tinha), a experiência de anos perambulando a bordo do seu táxi pelas quebradas da cidade e o próprio poder de dedução para seguir uma engenhoca surda e cega – mas “tecnológica” – sem questioná-la, e sem que eu também pudesse fazê-lo.

Não quero parecer um dinossauro (embora por vezes eu inevitavelmente pareça), mas sempre defendi um uso inteligente, comedido e crítico dos apetrechos eletrônicos. Conheço pessoas que, por comodidade, condicionamento ou deslumbramento com o novo mundo cibernético, não se deslocam mais à esquina para comprar pão sem que façam uso de GPS, Google Maps e o escambau.

Tenho um sobrinho, um pensador irreverente de botequim, que gosta de dizer o seguinte:

– As rodas de bar ficaram muito chatas depois do iPhone. Ninguém mais pode ter dúvida alguma. Se alguém perguntar: “como é o nome daquele cantor que cantava aquela música?”; ou então: “quem era o centroavante da seleção de 86?”, logo algum bobo alegre vai acessar a internet e buscar a resposta. E aí acabar com a graça, a mágica e o mistério… Não sobra assunto pro próximo encontro.

Outro amigo, filósofo de padaria, tem uma tese/profecia tenebrosa sobre o uso sem critério dos tecnobreguetes: Diz ele:

– Num futuro próximo, as pessoas deixarão de ter memória. Para que lembrar, se tudo caberá num HD externo?

É. Faz bastante sentido a tese do meu amigo. Aliás, há tempos não o vejo, o… o… Como é mesmo o nome dele, gente? Aníbal, não. Átila, não… É um nome assim, meio histórico… Desculpem aí, vou ter que espiar na agenda do meu celular.

Vamos ver o que pede o enunciado?

  • emissor ou locutor – quem você é? colunista de uma revista (IstoÉ)
  • interlocutor – para quem é dirigido o seu texto leitores da revista
  • gênero textual crônica
  • finalidade do texto narrar a versão dos fatos colocando-se na posição do taxista com relação ao uso da tecnologia na sociedade atual. Provavelmente, o argumento do taxista será contrário ao do Zeca Baleiro.

Características de uma crônica

São textos curtos, narrando histórias do cotidiano. No caso desta crônica, Zeca Baleiro utilizou a narração (contou os fatos como ocorreram), os argumentos (deu sua opinião) e o humor.

Você deverá fazer algo parecido, mas contando a história do ponto de vista do taxista. Seu argumento, ao contrário do autor da crônica, será a favor da tecnologia.

Quando dizemos textos curtos, significa que não possuem várias páginas como um livro. Você poderá usar a folha inteira destinada a esta tarefa.

Geralmente a linguagem é informal. Você pode usar gírias e algumas inadequações gramaticais, próprias da linguagem coloquial. No texto temos, por exemplo: pra, vi ele

Outro gênero textual que podem pedir a você nas tarefas: Artigo de opinião

Vocabulário

Ficou com dúvidas? Então, bora lá.

escambau …e outras coisas mais.
-Todo mundo hoje em dia está preso à tecnologia. Usamos o GPS, Google Maps e o escambau.
Usamos o GPS, Google Maps e outras coisas mais.

Resmunguei reclamei
-Ela detesta o trabalho. Fica o tempo todo resmungando!

geringonça algo com estrutura e funcionamento precário
-A máquina está muito velha e usada. Não vou conseguir costurar com essa geringonça.

moço é uma forma de tratamento. Quando não sabemos o nome da pessoa, mesmo que não seja jovem, usamos este termo.
-Moço, não conheço a cidade. Você poderia me indicar onde é a rodoviária?

Não esquenta a cabeça não se preocupe
-Estou preocupada com meu filho. Ainda não chegou.
Não esquenta a cabeça. Com certeza está tomando umas cervejas com os amigos.

Ó é uma interjeição que indica chamamento ou invocação. Usamos em lugar de “Olha” de “Presta atenção”
-Aquele garoto não é o Paulo?
-Qual?
-Aquele, ó, de camisa verde.

No nosso canal temos um vídeo com esta e outras expressões. É só clicar You Tube

chofer de praça motorista de táxi. Hoje em dia a expressão não é muito usada.
-Zeca Baleiro viajou com um chofer de praça. Seu táxi estava equipado com GPS.

engenhoca máquina improvisada, rudimentar, simples
Engenhoca
Ele inventou uma engenhoca pra não ter que pedalar, mas não funcionou. 🙁

breguete qualquer objeto, coisa sem importância, troço.
tecnobreguetes uma coisa relacionada à tecnologia. De acordo com o texto, Zeca Baleiro lhe dá pouca importância à tecnologia e ao seu “uso sem critério“, por isso a trata de “coisa”, de “breguete”.

Aliás falando nisso, a propósito
-Eu adoro a comida brasileira, aliás, todas as quartas e sábados como uma boa feijoada.

meio um pouco
-O vizinho é meio antipático. Às vezes conversa, às vezes nem me cumprimenta.

Então, você se anima a fazer esta tarefa para praticar? Vai ajudar a estar preparado(a) para as provas.

Boa sorte! 🌞

Dúvidas ou sugestões?
foneticando.portugues@gmail.com

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